Edificações verticalizadas e efeitos associados às condições térmicas em Belém, Pará

Andrezza de Melo Barbosa

Lucieta Guerreiro Martorano

Virginia Mansanares Giacon

ABSTRACT: O Painel Intergovernamental de Mudanças Climática (IPCC) vem alertando para o aumento da temperatura média na Terra. Os grandes centros urbanos intensificaram as áreas construídas, verticalizaram suas edificações para expandir a capacidade de aporte populacional, ampliaram a área asfaltada do sistema viário, reduziram as áreas permeáveis e vegetadas condicionando o surgimento de vários fatores ambientais, inclusive as ilhas de calor nas grandes cidades. Objetivou-se neste trabalho avaliar respostas térmicas capazes de expressar evidências associadas ao processo de verticalização em Belém, Pará. Utilizou-se uma série histórica de dados mensais de temperatura do ar totalizando 44 anos (1967 a 2010) para analisar condições térmicas que descrevem o clima local. Para avaliar a verticalização foram analisados dados disponíveis na literatura sobre a evolução do número de pavimentos de 1878 a 2009 em Belém. Fez-se análise de anomalias, amplitudes térmicas e testes de correlação entre essas variáveis resposta. Os resultados indicaram que as temperaturas mínimas do ar se elevaram nos últimos 16 anos, expressas em termos de anomalias quentes, a partir de 1995 que podem estar associadas à mudança do skyline, principalmente nos bairro Doca de Souza Franco e Umarizal. Houve redução das amplitudes térmicas, evidenciando aumento da temperatura mínima aproximando-se do gradiente das temperaturas médias que foi explicada com cerca de 93% pela verticalização urbana. Conclui-se que existe necessidade de adoção de estratégias mitigadoras para evitar possíveis ilhas de calor em bairros mais verticalizados de Belém.

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